Nos comentários sobre reforma política tem de tudo, até preconceito contra a
língua portuguesa. Isto é democracia, mas demonstra, sobretudo, qual nível de
politização nos encontramos. Felizmente esta não é a voz do povo, muitos
analfabetos, mas, mais politizados do que muitos que alisaram os bancos
acadêmicos, viciados com gibis, filmes de faroeste, novelas e futebol. Uma
reforma política de verdade, passa pela revisão das reeleições para que não
se permitam os carreiristas,
gente que faz profissão da política, passando de pai para filho, sem permitir
uma real rotatividade do poder. Temos por isso, desde o descobrimento, as
mesmas famílias governando o país, sem ligar para a população, que é usada na
hora do voto para se elegerem. A OAB é uma organização séria, mas
comprometida com esta política elitista que ela mesmo pratica. Não sou
reducionista, porque o reducionismo não faz ciência, mas acredito que o
primeiro ponto para se fazer uma reforma política é a proibição de reeleições
de vereador a presidente, para permitir que todos tenham a oportunidade de
exercer o poder e dar sua contribuição para o país. Depois, fim dos
cargos sem voto, como o suplente de senador, e os vices de prefeitos,
governadores e presidente (já foi assim antes. Jango do PTB, foi eleito vice,
enquanto Janio do PDC foi eleito presidente com o apoio da velha UDN). A
votação em lista de candidatos não é democrática, porque frustra o eleitor de
votar em quem, realmente, ele quer eleger, a votação no partido idem. O voto
proporcional tem seus malefícios, mas num país de dimensão continental é o mais
apropriado, para que se evite a criação de feudos, equivalentes aos atuais
currais eleitorais, além de dar azo a uma visão regionalista que mais divide
que une o país. O fortalecimento dos partidos é importante, mas, no meu
ver, a obrigação de filiação a partido
para ser candidato, esbarra no principio
constitucional da liberdade de associação inscrita no art. 5º, XX da
Constituição: “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer
associado”, de forma que advogo a eleição sem partido, como forma extrema de
liberdade e democracia.
É também um mal? Pode influir na criação do culto à
personalidade, e na eleição de um milionário em detrimento de outro não tão
rico, mas isto será corrigido, justamente pela proibição da reeleição e proibição
do financiamento privado, maior fonte de corrupção e o chamado caixa 2. Por
fim, não por ultimo, a adoção da ficha limpa, cujo critério de apuração deve
ser a confirmação da condenação de
primeiro grau pelo tribunal. Neste, ponto caímos em outra tema doloroso, a
reforma do judiciário que ninguém fala, mas que é necessária, porque tudo de
mal que acontece na política existe, porque temos um Ministério Público
ineficiente que não investiga, nem denuncia, e um judiciário mais ineficiente
ainda, que deixa prescrever a maioria dos processos crimes que lhes chega às
mãos. A impunidade é culpa do Ministério Público e do judiciário, nunca do
executivo ou legislativo. Quem pensa o contrário ou é má vontade ou ignorância. Contra a ignorância tem jeito, contra a má
vontade não tem jeito.
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